Bad Luck Train: entrevista com banda paulista.
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A banda Bad Luck Train surgiu na cidade de São Paulo e sua respectiva formação é composta pelos músicos Tiago (vocal/guitarra), Nick (guitarra), Arthur (baixo) e Alex (bateria), confira entrevista da banda realizada por Karlo Rivendell, jornalista Imprensa do Rock e Rivendell Radio Press.
Karlo Rivendell: Olá a todos os integrantes da banda Back Luck Train, tudo bem com vocês? Conte-nos, como foi o início da banda e a escolha do nome Bad Luck Train para a banda?
Tiago Cuzzyboy: Olá Karlo, tudo certo? Primeiramente, muito obrigado pelo espaço! Quanto ao início da banda, creio que foi como o de todas as outras milhares de bandas independentes por aí… Pouco dinheiro, muita vontade, muitas adversidades, muita correria… Tirando o baixista, Arthur, nós três já tocávamos juntos em outra banda. Ele também tocava em outra banda. Então já tínhamos uma noção da dificuldade que é começar um projeto desde o zero. Simplesmente estávamos a fim de fazer algo sério, que acreditávamos e creio que por isso ainda estamos aí. O nome é como se fosse uma ironia nossa, a todas essas situações complicadas e “azaradas” por quais passamos.
Karlo Rivendell: Quais as influências de cada um dos integrantes da banda?
Tiago: Ouço muita coisa mesmo. As principais são Ramones, Johnny Cash, Hellacopters e a rapaziada dos anos 90 como Faith No More, Nirvana e Soundgarden.
Nick Boss: Hard Rock, Melodic Rock e AOR
Arthur Wosniaki: ISIS, HIM, Deftones, The Cure, Alice In Chains, Backstreet Boys.
Alex Guns: Do Rock ao Pop, do Metal ao Eletrônico, comecei ouvindo Guns e Michael Jackson, mas hoje o Slipknot é minha maior influência.
Karlo Rivendell: como a banda consegue transformar todas as influências individuais de cada integrante da banda em uma única sonoridade?
Tiago: Creio que é não se preocupando muito com rótulos. Uma coisa podemos afirmar, somos uma banda bem difícil de se rotular. Se achamos o riff ou melodia legal, aproveitamos de alguma forma na hora de compor.
Karlo Rivendell: Em 2012 a banda lançou oficialmente um EP, qual o nome do registro, quantas faixas possui? Quais foram os procedimentos de composição do trabalho?
Tiago: Se chama Bad Luck Train mesmo… Acho que era muito cedo pra inventarmos um nome qualquer. Na verdade, estávamos mais ansiosos pra ver no que ia dar. Foram 6 faixas gravadas e a composição foi natural, como sempre fazemos… Normalmente, eu mostro uma ideia com algum riff e melodia de voz e a banda vai opinando e montando até acharmos que vale a pena ser tocado.
Karlo Rivendell: Após o lançamento do EP, qual foi a repercussão do trabalho no ponto de vista da banda? Vocês sentiram uma boa receptividade popular e também pela mídia?
Tiago: Foi muito legal! Pela primeira vez tivemos a oportunidade de trabalhar com uma gravadora/distribuidora, a Defox Records (ITA) que distribuiu digitalmente o EP pela Europa. Isso ajudou bastante! Por aqui, fizemos o tradicional trabalho de banda independente. Saímos em blogs e em sites respeitados, foi muito positivo. Porém, temos consciência que, como EP de estreia, o trabalho foi mais um ‘’cartão de visitas’’ pra mostrar pra galera do que se tratava o Bad Luck Train. A correria estava só começando!
Bad Luck Train – “HellYeah“
Karlo Rivendell: A banda após este lançamento está em processo de composição de um próximo registro? Se sim, poderia nos adiantar algo sobre o assunto?
Tiago: Na verdade já lançamos o CD! Juntamos as músicas do 1° EP com as novas composições. Se chama “Another Stupid Generation, Another Bad Luck Situation”. É um lançamento totalmente independente, que felizmente também está sendo elogiado por alguns críticos de sites e pela galera que está ouvindo. São músicas de muita pegada e energia. Além disso, temos uma faixa mais lenta arranjada em parceria com nosso produtor Denis Salgado, quem já nos conhecia vai ficar surpreso!
Karlo Rivendell: Quais os planos da banda em relação a shows? Pretendem fazer turnês ao redor do Brasil e ou exterior?Tiago: É uma grande vontade nossa, porém sabemos que é preciso um planejamento feito com cautela, principalmente fora do país. Mas estamos muito dispostos sim e analisando algumas possibilidades. Espero que role o mais rápido possível!
Karlo Rivendel: Como a banda avalia o cenário da música independente brasileira?
Tiago: Muito rico, porém um pouco bagunçado. É inegável a quantidade de bandas com propostas legais que descobrimos e ouvimos por aí, porém dependendo da região de onde a banda vem, ou até mesmo do estilo, infelizmente fica complicado pra investir, encontrar espaços… Pra fazer virar, você é obrigado a tirar leite de pedra mas, independente disso vemos bandas independentes alcançando marcas e resultados animais, conseguindo investimentos altos e chegando a lugares jamais sonhados por um músico sem gravadora e é justamente aí que vemos a bagunça. Não sabemos ao certo os meios mas quem somos nós pra questionar? Muitos aí fazem uma correria absurda e conseguem resultados. Outros aparecem com esses resultados de uma hora para a outra. Só torcemos pra que, no final a galera esteja ouvindo uma música sincera feita com a alma e não um lixo qualquer feito por um filhinho de papai que decidiu virar “rockeiro”.
Karlo Rivendell: vamos agora mudar um pouco o foco da entrevista, descontrair um pouco, eu, Karlo Rivendell também atuo no setor esportivo e em outras áreas da cultura e sempre de surpresa, faço perguntas destes respectivos setores as bandas que eu entrevisto e então prosseguindo, qual a percepção dos integrantes da banda para com a Copa do Mundo 2014 no Brasil?
Tiago: Em nível de futebol, foi a melhor que acompanhei. Como foi feita aqui no nosso país, deu pra acompanhar de perto a parte estrutural do evento e como isso afeta uma sociedade como a nossa. Pontos negativos? Muitos, mas tudo como já era esperado.
Nick: Eu não acompanhei muito a copa por falta de tempo, estou com vários projetos caminhando juntos e optei por trabalhar bastante neste período. Acredito que a copa é algo excelente, promove cultura, atrai investimentos, coloca o povo brasileiro em contato com pessoas que talvez nunca iriam conhecer, nos força a adaptarmos alguns tipos de serviços para os gringos, acho tudo isso válido, o problema da copa no Brasil é o jeito brasileiro de se fazer as coisas, muita corrupção, alienação do povo e tudo o que já sabemos, mas acho que isso não é culpa do evento esportivo e sim dos órgão detentores de poder sobre ele.
Arthur: Trocaria a Copa por um show do Depeche Mode.
Alex: Eu até que gostei bastante, a zueira foi boa. Achei que fosse dar muita coisa errada e deu mesmo, talvez não tanto quanto eu imaginava, mas o suficiente pra eu sentir uma certa culpa por ter gostado da Copa. Resumindo, tirando o que foi ruim, foi bom.
Karlo Rivendell: com a realização desta Copa do Mundo, poucas coisas positivas aconteceram e muitas coisas negativas, vamos debater primeiro o lado negativo primeiro, “Obras”, muitas denuncias de superfaturamento, tanto nas construções dos estádios como também o principal, vidas que se perderam em obras relacionados aos mesmos, como por exemplo, os desastres no estádio Itaquerão em São Paulo e também em Manaus e mais recentemente o desabamento de uma ponte em Belo Horizonte que vitimou dois jovens, esta última sendo obra de mobilidade urbana que está, apesar de atrasado, relacionado a copa do mundo. Qual o pensamento de vocês sobre este assunto?
Tiago: O mais triste disso tudo é que já era previsto. A gente costuma falar desses assuntos por cima, mas sabemos que se nos aprofundarmos, vamos descobrir fatos absurdos. E se nos aprofundarmos mais ainda vamos ser repreendidos por alguém, como inúmeros jornalistas e manifestantes durante o evento todo. O problema é muito maior do que a Copa. A Copa esteve aí, cumprindo seu papel como sempre fez ao redor do mundo durante todos esses anos. Só acho bizarro como reflete de formas diferentes, dependendo de onde será o país sede. Infelizmente acaba sendo um torneio extremamente elitista. Os países que não estão preparados para isso, obviamente acabam sofrendo e escancarando ainda mais suas injustiças.
Nick: Acredito que o que está acontecendo é normal, acontece em todos os países emergentes que querem fazer as coisas do jeito mais rápido possível e no Brasil ainda tem um agravante que o povo não contesta e não se interessa por nada que está acontecendo até que o balde derrame, ai já não tem mais jeito.
Arthur: A pressa vai, a merda fica.
Alex: A parte mais triste é que ninguém se importa com isso, ninguém se revolta, ninguém vai “queimar bandeira” por causa disso. Sinceramente eu estou cansado desse comportamento, da negligência dos responsáveis, tudo o que importa é obter lucro e eles parecem nem disfarçar mais. É o jeitinho brasileiro levado ao extremo negativo, mas eu ainda espero uma reação positiva… Sei de nada, inocente. Ainda bem que o Brasil além de não ganhar foi humilhado, foi merecido.
Karlo Rivendell: Bate bola, jogo rápido
1 – Primeiro disco que comprou ou escutou:
Tiago: Com meu próprio dinheiro, acho que foi MTV ao Vivo do Raimundos.
Nick: “Titãs Acustico MTV”
Arthur: “Mamonas Assassinas”.
Alex: O primeiro que eu ouvi com uns 4 anos foi Guns N Roses – “Use Your Illusion I”.
2 – Um álbum preferido:
Tiago: Sou de época. Hoje, te diria que é o “Nevermind” do Nirvana.
Nick: Guns n’ Roses – “Appetite for Destruction”.
Arthur: Atualmente é o “Wavering Radiant” do ISIS.
Alex: Provavelmente o mais brutal do Slipknot – “Iowa”.
3 – Uma capa de um álbum:
Tiago: “Abbey Road”, Beatles.
Nick: Bad Luck Train – “Another Stupid Generation, Another Bad Luck Situation”.
Arthur: Burzum – “Filosofem”.
Alex: Assim de cabeça… Papa Roach – “Lovehatetragedy”.
4 – Sua influência musical:
Tiago: Vou resumir em 3, Johnny Cash, Ramones e Nirvana.
Nick: Hard Rock, Melodic Rock e AOR
Arthur: Alternativos, anos 80 e 90, pop.
Alex: Acho que minhas principais influências seriam Guns N’ Roses e Slipknot.
5 – Um disco ao seu inimigo:
Tiago: Algum do Coldplay.
Nick: Algum de funk e esses rock bunda de hoje em dia.
Arthur: Qualquer um do Manowar.
Alex: Qualquer um do Bon Jovi.
6 – Três álbuns que você recomenda e três que você não recomenda:
Tiago: Recmomendo “Sgt. Peppers” (Beatles), “Pet Sounds” (Beach Boys) e um mais novo aí vai… “Boys & Girls” (Alabama Shakes).
Não recomendo CDs do Coldplay, Imagine Dragons e, sei lá… qualquer um desses rocks moderninhos que mal se ouve guitarra.
Nick : Recomendado Europe – “Last Look at Eden”, W.E.T. “Rise Up” e Def Leppard “Hysteria”
Não Recomendo CDs do Nitro “O.F.R”, Nirvana “Nevermind” e Pretty Boy Floyd
Arthur: Recomendo ISIS “Wavering Radiant”; Burzum “Filosofem”; John Frusciante “To Record Only Water for 10 Days”.
Não recomendo qualquer um do Manowar, Rhapsody, Dream Theater e essas bandas que falam de dragão em geral.
Alex: Pra mudar um pouco a faixa do disco…
Recomendo: Michael Jackson – “Thriller”, Angra “Temple of Shadows”, Skrillex “Bangarang”.
Não Recomendo: Qualquer um do Coldplay, Latino ou dessas bandas coloridas.
7 – Música que você mais gosta de tocar ou cantar, no caso de vocalista:
Tiago: Quando estou de bobeira, acho que umas coisas mais clássicas como “My Way” com o Sinatra.
Nick: Mark Free – “Dyin For your Love”.
Arthur: “Strangelove” do Depeche Mode ou “Everytime You Go Away” do Paul Young.
Alex: Pode ser “Annihilation by the Hands of God” da Roadrunner United.
8 – Cinco bandas que vocês gostariam de dividir o palco:
Tiago: Foo Fighters, Faith no More, Rolling Stones, Alice Cooper e Motörhead.
Nick: Lordi, Mottorhead, Europe, Def Leppard e Kiss.
Arthur: Foo Fighters, Hellacopters, Deftones, Black Drawing Chalks, Muse.
Alex: Slipknot, Foo Fighters, Lordi, Stone Sour e Marmozets.
9 – Cinco músicas preferidas:
Tiago: “Sound of Silence” (Simon and Garfunkel), “Cry Cry Cry” (Johnny Cash), “Poison Heart” (Ramones), “Where did You Sleep Last Night (versão do Nirvana) e “Simple Man” (lynyrd skynyrd).
Nick: “Sound of Silence” (Simon and Garfunkel), “Caçador de Mim” (14 bis), “In my Time” (Europe), “Rocket Queen” (Guns n’ Roses), “The Price” (Twisted Sister).
Arthur: John Frusciante – “Fallout”; Burzum – “Dunkelheit”; Paul Young – “Everytime you Go Away”; Backstreet Boys – “I Want It That Way”; John Secada – “Just Another Day Without You”.
Alex: “You Could Be Mine” (Guns N’ Roses), “Smooth Criminal” (Michael Jackson), “Duality” (Slipknot), “Love’em Or Leave’ Em” (Scorpions) e “Move Shake Hide” (Marmozets).
10 – Um lugar ou cidade que você gostaria de se apresentar:
Tiago: No Alianz Parque, estádio novo do meu querido Palestra! (risos).
Nick: Coliseu
Arthur: SWU
Alex: Um festival enorme tipo o Download Festival.
11 – Uma música de outro artista ou banda que você gostaria de executar:
Tiago: “Helter Skelter”, Beatles.
Nick: “Breaking All the Rules” – Peter Frampton.
Arthur: ISIS – “Threshold of Transformation”.
Alex: Helloween – “Revelation”.
12 – Além de profissional da musica – Outra atividade:
Tiago: Professor de musicalização para pessoas portadoras de necessidades especiais.
Nick: Empreendedor.
Arthur: Sou operador de pré-Impressão em uma gráfica e atualmente estudo Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Fatec.
Alex: No momento só música mesmo, mas eu também gosto de desenhar.
13 – Uma frase que descreve seu trabalho:
Tiago: “We rock the HellYeah! We’re gonna rock forever, we’re gonna bleed together on your way’’ ( HellYeah, Bad Luck Train ).
Nick: Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.
Arthur: Não há sentido em viver.
Alex: Vitória ou Morte.
14 – Uma banda que você gostaria de fazer parte ou tocar pelo menos por um dia:
Tiago: Ramones.
Nick: Kiss.
Arthur: Deftones.
Alex: Slipknot
15 – Um recado ao público:
Tiago: Como disse C. Bukowski, “Ache o que você ama e deixe isso te matar.”
Nick: Não aceite não como resposta.
Arthur: Usem filtro solar.
Alex: O que quer que você encontre de valor na vida, vale a pena lutar por isso.
Karlo Rivendell: Obrigado pela entrevista e sucesso a banda Bad Luck Train, fica aqui o espaço aberto as considerações finais.
Nós que agradecemos pela entrevista Karlo, foi um prazer. Esperamos que nos falemos mais vezes! Respeito total a quem abre o espaço para bandas independentes! Valeu!
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